2 de agosto de 2010
Melhor amigo, a gente sempre tem!
Começo o meu post de hoje falando de um suco de maracujá comprado na cantina do colégio.
Pense naqueles filmes americanos cheios de adolescentes que aprontam muito. Grupinhos que se provocam entre si.
Te lembram alguma coisa? Pra mim lembram, e muito.
Quando você estuda há um bom tempo no mesmo colégio, se acha dono(a) do pedaço, acha que pode tudo.
Comigo não foi diferente.
Eu fazia parte do grupinho do fundão. Sabe aquele que canta músicas do Legião Urbana ou joga truco no intervalo entre uma aula e outra, ou ainda, aquele que troca bilhetinhos e cochicha durante as aulas? Esse mesmo.
Bons tempos aqueles, me trazem ótimas lembranças.
Pois bem... vou relatar pra vocês uma delas:
Estava na 2ª série do 2º grau, hoje Ensino Médio, sentava lá no fudo da sala.
Não era das piores alunas da sala não, mas também não era CDF.
Primeiro dia de aula, muitos alunos novos e eu reparo em uma baixinha que senta lá, na primeira carteira, bem em frente ao professor. Rá! CDF, na certa! Eu e minhas amigas reparávamos em tudo o que ela fazia. Tinha dias que chegava cantando música sertaneja (na época - e ainda hoje - odiada por muitos de nós), outros que chegava fazendo piadinhas ou gracinhas para o professor. Passou a ser nosso "alvo" de brincadeiras.
Um dia, na saída do colégio, com as outras meninas, planejei uma "pegadinha" para aquela novata.
Passamos na farmácia mais próxima e compramos um vidrinho de "Gutalax" que pra quem não conhece, é um ótimo laxante (bom, eu nunca testei, mas dizem as más línguas que é tiro e queda!). Combinamos de no dia seguinte comprar um suco de maracujá, colocar o tal "Gutalax" e oferecê-lo à nossa "amiga". E foi o que aconteceu.
Era uma quinta-feira e na volta do recreio o copo cheio de suco de maracujá estava lá, em cima da carteira de uma das meninas. Tá certo que não pensamos na hora, mas qualquer um desconfiaria de um copo CHEIO de suco sendo oferecido assim. Ela então chegou na sala e a menina foi lá, oferecer o suco pra ela. Na maior inocência ela aceitou, mas tínhamos colocado tanto laxante que o gosto tinha ficado meio esquisito. A pergunta que ela fez foi: "Esse suco tá com adoçante? Tá com gosto de aspartame... "Tomou uns 2 golinhos e o suco ficou ali. Esquecido.
No dia seguinte todos ansiosos pela aparição da menina e nada dela aparecer. Foi a primeira vez na minha vida, até aquela altura, que entrei em desespero. Pronto! Matamos a menina de overdose de laxante! E agora? O jeito era esperar.
Na segunda-feira ela apareceu. Eu, muito sem graça, fui puxar papo:
Eu - "Oi, e aí, tudo bem?"
Ela - "Tudo sim..."
Eu - "Você faltou na sexta, né? Tá tudo bem? Você passou mal? Ficou doente?"
Ela - "Não... não..."
Eu - "Mas você não passou mal mesmo?"
Ela - "Não... Tive uns problemas aí com meu namorado, mas de saúde tô bem"
Eu - (Ufa!)
Ela - "Mas... porque tá perguntando?"
Eu - "Não... é que... bem..."
É... acreditem... aí contei toda a história a ela e daí em diante viramos amigas. MUITO amigas. Melhores amigas!
No ano seguinte fizemos o terceirão no mesmo colégio, diferente desse onde nos conhecemos. Passávamos 95% do tempo da semana juntas.
Sanduiches naturais na cantina do colégio. Visitas à sala de estudos - pra tirar um cochilo, é claro. Tardes inteiras vagando pelo centro de Curitiba sem destino certo. Baladas, muitas baladas. E nessa época também uma das melhores idéias surgiu: tínhamos duas cadernetinhas, daquelas pautadas, pequenas que se usa pra anotar a lista de compras; e nela escrevíamos tudo o que tínhamos passado ou que estávamos pensando. No dia seguinte trocávamos as cadernetas e assim por diante. Eu esperava ansiosamente pelo dia seguinte pra saber das "fofocas" que ela tinha pra me contar. Foi a forma que encontramos de nos comunicar e confesso que foi uma das idéias mais divertidas que tivemos. Nem sei se tenho alguma delas guardada ainda, mas sei que daria muitas risadas se pegasse pra ler o que foi escrito naquela época.
Depois veio a faculdade. Resolvemos prestar o vestibular para o mesmo curso e no dia do resultado, nenhuma das duas tinha sido aprovada. Fomos pro trote mesmo assim. Nos lambuzamos de lama, fomos fazer "pedágio - ela tinha supostamente passado em Medicina e eu Direito - bebemoramos na festa do cursinho. Meses depois recebo a ligação de um amigo me parabenizando por ter passado no vestibular (eu já estava fazendo cursinho de novo, ficava acordada estudando até tarde e o desgraçado me liga cedinho):
Amigo - "Bom dia! Tô te ligando pra dar os parabéns por ter passado no vestibular da Federal!"
Eu - "Ahn? Tá maluco? A gente tá em julho, o vestibular foi no final do ano... a Federal não tem vestibular de inverno. Você bebeu?"
Amigo - "Não. Tá aqui. Teu nome tá na Gazeta do Povo. Passou em terceira chamada..."
Eu - "Sério?"
Amigo - "Sério!"
Eu - "Caramba! Preciso ir lá na banca pra comprar esse jornal. Mas... peraí! Se meu nome tá aí, o da minha amiga também deve estar. Vê aí pra mim..."
Amigo - "Hum.... tá sim. Ela passou também!"
Eu - "Juraaaaa? Preciso desligar... tchau... tchau... tchau...."
E liguei, fazendo a mesma coisa com ela.
Passados alguns meses, começamos a faculdade e passamos mais 4 anos juntas. Foram os melhores anos da minha vida.
Vieram namorados, compromissos, estágios, empregos, mas ela continuava lá...
Às vezes a gente brigava muito... ficava sem se falar, mas sempre tinha espaço pra uma reconciliação.
Talvez o que fez toda essa amizade dar certo é o fato de sermos tão diferentes.
Depois da faculdade cada uma seguiu o seu rumo. Mas as coincidências continuaram.
Acabamos por trabalhar na mesma empresa e foi lá que eu descobri que de uma certa forma, ela era minha alma gêmea. Não estou falando de cara metade (homem x mulher, ou mulher x mulher - afff!) nem nada do gênero, falo mesmo daquela pessoa que você escolhe para ser uma espécie de irmã. Não é o que dizem por aí? Que amigo é o irmão que você escolhe? Então. Ela é assim.
Por mais diferente que ela seja de mim, por mais
Ranzinza
Chata
Metódica
Hipocondríaca (tá, posso ter exagerado nessa!)
Encucada
Insuportável
Desligada
(e tantos outros adjetivos)
que ela possa ser, era sempre ela que estava lá pra mim.
Em TODOS os momentos da minha vida. Quando eu mais precisei.
Era ela que me fazia rir, era ela que me dava bronca, era ela que passava horas e horas comigo falando besteira.
Enfim... SEMPRE!
Hoje estou aqui, do outro lado do oceano, e por mais longe que isso possa parecer, ela está aqui, ao meu lado.
De qualquer forma. Em pensamentos, fotos, lembranças. E é isso que importa.
A saudade dói sim, porque só quem tem uma amiga-irmã de alma assim é que sabe a diferença que isso faz.
Mas eu sei que ela estará lá pra mim quando eu precisar.
Esse texto foi só uma forma de expressar todo o carinho que tenho por essa "pessoinha" tão especial pra mim.
Dri: minha amiga, irmã... minha alma gêmea: te amo!
Ter você na minha vida me fez perceber o quanto nós realmente nos importamos e o quanto precisamos uma da outra. E isso não acabou por estarmos tão longe, pelo contrário, só fez aumentar ainda mais todos os sentimentos que já existiam.
Você foi, é e sempre será minha melhor amiga.
Obrigada por fazer parte da minha vida!!!!!
=ó)
Ah, e o mais gostoso é saber que tudo isso relatado aí acima é de verdade, não é nenhuma história bonita, contada só pra ilustrar um blog. É de VERDADE. Ela existiu e continua existindo.... enquanto a gente viver, ela estará sendo escrita!
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Que bonito, Bi!
ResponderExcluirNossa amizade é recente, mas saiba que te gosto muito.
Que legal saber a história desde o comecinho. Sabia que vcs tinham estudado juntas no cursinho do resto não sabia.
ResponderExcluirÉ muito bom ter uma amizade assim..
Beso pras duas
Aaahhhh!!! Não preciso dizer nada. Só que te amo e a gente sempre se entende, sempre!
ResponderExcluirAh, mas uma coisa eu tenho de esclarecer... nunca gostei de sertaneja... eu cantava algo do Chitãozinho e Xororó pra zuar... hehehe
Beijo
Eita nós... só faltou o "Sou eu assim sem vc"...rs!
ResponderExcluirEu já conhecia essa história mais ou menos. Beijos para ambas!
Tadinha da Beirauti! Não pode dar laxante pra ela! Ainda bem que ela não tomou muito e não passou mal!
ResponderExcluirPelo menos o episódio rendeu uma grande amizade, quem diria!
Oi, Bi... soube do blog pela Adri.
ResponderExcluirTem amigos que são mais amados que um irmão. Muito legal esta amizade.
Não imagina o quão feliz eu sou por ter feito parte da vida dessa dupla de duas garotas MALUCAS e muito divertidas.
ResponderExcluirVocês são FODA! E q Deus continue iluminando essa amizade por muitos outros milhares de anos.
Beijão Hannas, beijão Dri.